Nosso Bairro

A força da reciclagem no Fragata

Mais de 120 toneladas de resíduos são comercializadas por mês entre as três cooperativas conveniadas com o Sanep

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Vem do bairro Fragata a maior produção de recicláveis de Pelotas. Das sete cooperativas conveniadas com o Sanep, quatro funcionam por lá e uma delas é a responsável pelo processamento de óleo saturado. Entre as outras três, são mais de 120 toneladas comercializadas por mês. São ambientes dominados pela mão de obra feminina. Em alguns casos, elas não estão apenas em todo o ciclo: da chegada dos resíduos à venda da carga. As mulheres também estão envolvidas da criação à gestão das entidades, nas duas últimas décadas.

É o roteiro que o Diário Popular convida o leitor a percorrer nesta quarta-feira. A primeira parada é na maior cooperativa de reciclagem de Pelotas: a Cooreciclo, instalada na avenida Pinheiro Machado. Atualmente, são 26 cooperados. E com exceção do presidente, todos os outros trabalhadores são mulheres. Nos meses de maior produção, os números chegam às 80 toneladas, contabilizados os diferentes materiais: papel, plástico, vidro e sucata.

JF_1485Trabalho de classificação dos materiais é um dos primeiros e mais importantes passos do processo (Foto: Jô Folha)

E para os resultados se manterem em alta, a Cooreciclo tem apostado em uma mesma estratégia: investir pesado em estrutura. "Tomamos a decisão de aproveitar a verba do Sanep para fazer investimentos aqui e aí não fazemos o pagamento de R$ 400,00 da bolsa, por cooperado", explica o presidente Carlos Pereira. E os frutos da definição são visíveis: hoje a cooperativa possui dois caminhões para coleta, que permitem fechar parcerias próprias e ampliar o volume das arrecadações. Além de receber os resíduos da coleta seletiva do município, entregues pela autarquia, há 27 contratos com empresas privadas em vigor.

Uma empilhadeira, que facilita o transporte dos fardos de 300 quilos, também foi adquirido com recursos encaminhados ao longo dos anos pelo Sanep. A Cooreciclo ainda conta, atualmente, com três prensas, duas máquinas para triturar papel - principalmente sigilosos, doados por empresas - e um sistema de esteira para classificação dos resíduos.

Uma luta prestes a completar 25 anos

A celebração de aniversário está próxima. Em julho, a Cooreciclo completará 25 anos de atividades. "E de muita persistência", contam o presidente Carlos Pereira e a também fundadora, Mara Madruga. No final dos anos 1990, o tema reciclagem ainda encontrava resistência. Mesmo hoje, com a coleta seletiva instituída em toda a zona urbana de Pelotas e os inúmeros debates sobre os efeitos ambientais do consumo consciente, 20% do que chega à cooperativa são rejeitos. Precisam ser descartados. "Às vezes tem resto de comida misturada; às vezes tem até animal morto", lamentam.

JF_1483A força das mulheres. Elas são a grande maioria dos trabalhadores do setor (Foto: Jô Folha)

Para quem chegou há pouco ao grupo, o momento é de entusiasmo. É o caso da jovem Thaís Simões, 25. Desempregada, durante a pandemia, com dois filhos pequenos para criar, era preciso buscar meios para complementar a renda do marido. "Sempre tive curiosidade em saber como as cooperativas de reciclagem funcionavam. Deixei um currículo aqui e me chamaram", comemora. E já se vão um ano e quatro meses de trabalho. Garantia de dignidade à família.

* Vá até lá para doações: avenida Pinheiro Machado, 2.112

Na Cootafra, trajetória também ultrapassa duas décadas

Os negócios tiveram início ainda como Associação Fraget, há 21 anos. Atualmente, a Cootafra-Fraget tem CNPJ próprio e tem um time de 13 cooperados; apenas três são homens. "E a diretoria é de mulheres", orgulha-se a secretária da cooperativa, Fabiana Silveira. E ao se pronunciar em nome da presidente Sabrina de Oliveira, destaca as negociações em busca de melhores preços, já que a reciclagem é costumeiramente atingida pelas oscilações rápidas de valores. E não apenas em Pelotas.

A Cootafra vende toda a produção para atravessador local e, como possui caminhão - em comodato, através da Associação -, tem a chance de aumentar a arrecadação. Em média, a produção mensal tem atingido 15 toneladas.
* Vá até lá para doações: rua Carlos Andrades, 260

Unicoop: há 12 anos no mercado

As mulheres também são maioria. Dos 15 cooperados, oito vagas são ocupadas por elas. A produção é de aproximadamente 30 toneladas por mês. Sem veículo próprio, a Cooperativa União dos catadores de resíduos sólidos (Unicoop) conta com o material entregue pelo Sanep e com doações.

O valor das vendas, efetuadas para atravessador de Pelotas, é rateado igualmente entre toda a equipe. "Conseguimos pagar em torno de um salário mínimo", afirma a coordenadora Kelen Fagundes.
* Vá até lá para doações: avenida Imperador Dom Pedro I, 1.776

Saiba mais 

JF_1480Nova oportunidade. Jovem Thaís Simões comemora a vaga, durante a pandemia (Foto: Jô Folha)

O Sanep mantém convênio com sete cooperativas de reciclagem. O repasse mensal é de R$ 15 mil para cada uma delas e o valor da bolsa-auxílio por cooperado é de R$ 400,00. O restante do valor só pode ser utilizado para despesas administrativas e operacionais, como aluguel, Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), energia elétrica e manutenção de equipamentos.

Para participar do projeto! 

O DP quer contar com a sua participação, através do Nosso Bairro. Para ser nosso parceiro, envie sugestões para os e-mails [email protected] e [email protected]. Você pode também entrar em contato pelo (53) 3284-7023 ou pelo WhatsApp (53) 99147-4781. Se preferir, pode dirigir-se à sede do Jornal, na rua 15 de Novembro, 718.

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